Boas entradas?
Eu sei que é de bom tom ou politicamente correcto neste final de ano dizer que tudo está bem, que desejamos um novo ano melhor do que o anterior e até vamos beber uma taça de champanhe em favor de um e de outro.
Já sei que neste ponto já estará por aí alguém a chamar-me de hipócrita, desconfiando que também eu beberei a tal taça de champanhe.
Provavelmente sim, pela simples e única razão de estar vivo, coisa que muitas famílias desejariam para os seus familiares cujas vidas foram incompreensívelmente ceifadas neste fim de ano, num e noutro lado da Faixa de Gaza.
Sei que haverá por aqui alguém que dirá, vá lá vizinho, deixa-te disso, que a quadra é de alegria, deixa para trás essa agonia que 2009 está logo, logo aí!
Recuso-me a entrar nessa acalmia, recuso-me a entrar nesse mar morto, prefiro as águas revoltas. Prefiro ter por "companhia" aqueles que a bordo de um barco, de seu nome "Dignidade", tentavam aportar a Gaza com ajuda humanitária de medicamentos mas que foram atacados, em águas internacionais, pela armada israelita.
Também sei que haverá quem agora se esteja a deliciar com esta tormenta, imaginando-se num qualquer jogo de batalha naval a meterem um "barco ao fundo" e a beber mais logo uma taça de champanhe com os carniceiros do médio-oriente.
Pois é, 2009 está logo, logo aí...