Um sinal positivo
Depois do mediatismo da libertação de Ingrid Betancourt, como então disse aqui no blogue, era de prever que caísse o silêncio sobre os outros reféns em poder das FARC, abandonados que foram à sua sorte. Quem mais ouviu falar deles desde então?
Depois da incompreensível recusa de Uríbe em aceitar mediadores estrangeiros, surge finalmente um sinal do interior das próprias FARC, o anúncio unilateral de estarem dispostos a libertar 4 reféns. Aconteceu este domingo sob os auspícios do Brasil e da senadora da oposição colombiana Piedad Cordoba.
São eles o militar colombiano William Dominguez, sequestrado pelas FARC em 20 de Janeiro de 2007, e os policias Walter Lozano, Juan Galicia e Alexis Torres, cativos desde 9 de Junho desse ano, e já estão em liberdade. A guerrilha entregou-os este domingo à missão humanitária encabeçada por Piedad Cordoba nas selvas do sul do país.
Os reféns, em bom estado de saúde, foram recebidos pela senadora da oposição e vários activistas e delegados do Comité Internacional da Cruz Vermelha em helicópteros cedidos pelo Brasil.
Trata-se da primeira libertação unilateral desde Fevereiro de 2008, quando entregaram quatro políticos a uma missão humanitária liderada pela Venezuela.
A lista de sequestrados que a guerrilha considera 'trocáveis' fica por agora reduzida a 24 pessoas e poderá ser de 22 em questão de dias, pois prevê-se a libertarão mais dois políticos.
Poderia agora Uríbe, que tem as cadeias a abarrotar de guerrilheiros, políticos, sindicalistas, e membros de organizações sociais, dar também um passo em direcção ao diálogo necessário para restabelecer a paz naquele país, coisa que sinceramente não acredito, porque dá jeito a Uríbe a sua existência. Com ela consegue fazer passar mais camufladas as acções do narcotráfico.
Cabe à comunidade internacional estabelecer pontes para a libertação dos restantes reféns, porque por iniciativa de Uríbe bem podem ficar a apodrecer a menos que seja para a política espectáculo.