O dia em que a jovem democracia espanhola tremeu
Foi há 28 anos que, fardado de com um revólver na mão e o chapéu tricórnio na cabeça, o tenente-coronel António Tejero Molina, acompanhado de cerca 200 membros da Guarda Civil, invadiu o Parlamento espanhol em 23 de Fevereiro de 1981.
Simultaneamente a sede da Rádio Televisão Espanhola era tomada, o principal meio de comunicação na época. A cidade de Valência foi ocupada e viu desfilar nas ruas os tanques comandados pelo general golpista Milans del Bosch.
Ainda tenho gravado na memória as imagens para cá retransmitidas, nomeadamente quando Tejero Molina apontou a arma para a cabeça do presidente do Congresso e ordenou que os deputados se deitassem no chão. "Todo el mundo ao suelo!", berrou.
Só três ignoraram o grito do golpista. Só três preferiram a morte provável à capitulação desonrosa. Um deles foi Santiago Carrillo, secretário-geral do Partido Comunista. Por que decidira continuar sentado? Alguém lhe perguntou mais tarde. "Estou velho..."
As razões do golpe? A dificuldade daqueles que sempre estiveram ao lado de Franco em aceitar a democracia e que também se não conformavam com a legalização do Partido Comunista Espanhol.
São muitas as incógnitas que estão por esclarecer, mesmo passados vinte e oito anos, daquele dia 23 de Fevereiro, nomeadamente o papel do rei de Espanha, nos momentos iniciais do golpe e os motivos das divisões internas entre os generais golpistas. Afortunadamente, o golpe fracassou.