será desta?
Apesar de ter ganho as eleições legislativas de Janeiro de 2009 a Frente Farabundo Marti, como aqui dei conta, não conseguiu alcançar o governo uma vez que o partido de extrema direita Arena conseguiu efectuar uma coligação e assim continuar no poder de El Salvador.
Mas a história parece continuar a mudar. O povo salvadorenho acorreu ontem às urnas para eleger o novo presidente da república numa jornada em que a alta participação foi a nota dominante. Os primeiros resultados oficiais anunciados pelo Tribunal Supremo Electoral (TSE) coincidem em assinalar, da mesma forma que as quatro sondagens realizadas à boca das urnas, que Maurício Funes, o candidato da esquerda salvadorenha que representa a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), será o sucessor do actual presidente, Elías Antonio Saca.
"É a hora da mudança. Estamos cansados deste governo, Promete coisas mas cada vez há mais ricos e cada vez mais pobres", explica Reina Cano, de 22 anos, sobre a situação no seu país. "Funes vai ser diferente. Sempre foi honrado".
A FMLN mostrava-se preocupada com a transparência destas eleições uma vez que pairava, e paira, no ar a ameaça de fraude.
El Salvador tem cerca de 5 milhões e 800 mil habitantes. Estavam registados para votar cerca de 4 milhões e 337 mil habitantes. Esta quantidade de eleitores, num país com a demografia de El Salvador, só é possível se o “padrão eleitoral” incluir mortos, eleitores fantasmas e eleitores com mais de um registo.
Nas recentes eleições de Janeiro, bem como nos últimos dias, constatou-se um fluxo de “eleitores” vindos de países vizinhos, para votar, com documentos falsos, na eleição de El Salvador. Igualmente muitos empresários reuniram-se com os seus trabalhadores e disseram que registassem com as máquinas fotográficas dos telemóveis o seu voto; quem votasse em Funes e na FMLN, seria demitido.
A FMLN tem possibilidades reais de ganhar as eleições frente ao partido no poder, ARENA, a fazer fé nestes primeiros resultados e assim bater o candidato do ARENA, Rodrigo Avila, ex-chefe da polícia nacional, que admitiu publicamente ter morto rebeldes de esquerda durante o conflito interno que sacudiu o país, que vitimou 75.000 pessoas, e que mostrou a sua admiração pelo criador dos esquadrões da morte, que foi também fundador do partido.