Campanha negra, na Venezuela
Sosseguem que as campanhas negras não são património exclusivo cá do burgo. Também na Venezuela, Manuel Rosales, alcaide de Maracaibo e candidato opositor derrotado por Chávez nas eleições presidenciais de 2006, pediu asilo político no Peru depois de permanecer várias semanas fugido da justiça, em paradeiro desconhecido, e se diz vítima de uma campanha negra.
Rosales, político da "velha guarda" que procede dos restos da IV República e do clientelismo político, é acusado de enriquecimento ilícito durante o tempo em que esteve como governador de Zulia. O líder do partido social-cristão "Um Novo Tempo" não conseguiu rebater as acusações da auditoria patrimonial e não pode demonstrar como adquiriu sete vivendas, um centro comercial e a RT International Group, empresa a quem entregou, 31 milhões de dólares.
Nas investigações promovidas pela Procuradoria, destacam-se a evasão fiscal de um prémio da lotaria (oito milhões de dólares), compra de mansões nos Estados Unidos, depósito ilegal de divisas no estrangeiro e doação fraudulenta de 200 veículos durante os anos em que esteve à frente da governação de Zulia.
Trata-se de acusações de peso, que poderiam levar Rosales à prisão durante dez anos. Mas o seu futuro imediato está acautelado por Alan Garcia, o presidente peruano que já lhe concedeu asilo contrariando o pedido da Interpol e de quem aqui também já tenho falado, ele também um político à moda "antiga".
Por cá a justiça funciona de outra maneira. Já viram alguém a ser acusado por enriquecimento ilícito? O centrão encarrega-se de cuidar que assim continue a ser.