Dia de vergonha para a Irlanda e para a Igreja Católica
Porque é que cada vez mais se associa a igreja católica aos abusos sexuais de crianças? Agora é a vez da Irlanda, milhares de menores foram objecto de abusos sexuais e torturas físicas e psíquicas em instituições estatais dirigidas por religiosos durante quase 70 anos, como o revela um relatório elaborado por uma comissão governamental. Os abusos, que o documento qualificou de situação "endémica" naquele país, provocaram que várias gerações de crianças, dos dois sexos, entregues ao cuidado dessas instituições vivessem diariamente os castigos corporais.
A Comissão irlandesa para os Abusos a Menores foi criada em 2000 para aclarar numerosas denúncias de abusos sexuais ocorridos desde 1940 em escolas públicas, orfanatos, centros para doentes mentais e em outras instituições estatais, que, na sua maioria, eram administradas por sacerdotes e freiras da igreja católica irlandesa.
O relatório, de cerca de 2.500 páginas, é um autêntico catálogo de "abusos sexuais crónicos" e de maus tratos físicos e emocionais infligidos "sobre milhares de menores desfavorecidos, abandonados e esquecidos" tanto por religiosos como por pessoal laico. O texto lança duras críticas contra a hierarquia católica irlandesa, a qual acusa de passividade ante os abusos cometidos por indivíduos reincidentes.
Pelo contrário, o relatório denuncia que a principal preocupação da hierarquia católica era "a má publicidade e os potenciais escândalos" que se gerariam se se chegasse a conhecer a verdadeira dimensão dos abusos. Limitavam-se a transferir os agressores para outro lugar onde na maioria dos casos voltavam a molestar as crianças.
O bem-estar das crianças nem sequer era tomado em consideração e mesmo agora depois desta investigação que custou ao estado irlandês mais de 70 milhões de euros, nenhum pedófilo será levado perante a justiça, dada a conivência entre o Ministério da Educação e a Igreja Católica.
Deixo-vos com o último parágrafo do relatório e com a raiva de quem se sente impotente:
"E se as condições de habitabilidade eram frias, húmidas e básicas", os castigos corporais eram perversos, severos, arbitrários e imprevisíveis nas instituições onde os menores viviam com o terror diário de não saber por onde iria chegar o próximo abuso."
Fonte: publico.es