Enquanto houver carne não se calará o canhão
O combate ao terrorismo não se faz declarando guerras a torto e a direito e ainda por cima quando no meio estão populações indefesas. Faz-se ganhando estas, respeitando-as, negociando.
Quando as populações, olhando para um lado e para o outro, não conseguem ver as diferenças é sinal de que a guerra está inevitavelmente perdida, a despeito dos muitos milhões de mortes que causadas.
Já lá vão oito anos desde a invasão do Afeganistão e apesar disso são os talibãs que estão a ganhar a guerra. Quem o reconhece é o máximo responsável militar dos Estados Unidos no Afeganistão, o general Stanley McChrystal ao mesmo tempo que considera o passado mês de Julho como o mais letal desde a invasão daquele país.
Em 2001, os EUA lançavam a operação «Enduring Freedom» no Afeganistão porque, segundo eles, os Talibãs recusavam entregar Osama Ben Laden, iniciando uma guerra que pela primeira vez na História foi planeada pela CIA sem a colaboração do Pentágono.
Oito anos mais tarde, ninguém mais fala do inimigo público número um. Quais são hoje as razões para esta guerra? Porque aquele que dominar a Eurásia será a única potência do século XXI?
Suprema ironia, os talibãs nem sempre foram inimigos dos EUA. A antiga secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, saudou a sua chegada ao poder em 1996 como um "passo positivo". Consta mesmo que esse passo foi encorajado. O que a antiga primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto, resumia assim: "A ideia era inglesa, o financiamento saudita, a supervisão paquistanesa e o armamento americano".
Palpita-me que a resposta ao que está a acontecer no Afeganistão será a fuga para a frente, o envio de mais e mais militares. Quantos mais e até quando?